O governo volta, esta quinta-feira, a assembleia da República, para responder as perguntas de insistências, colocadas pelas três bancadas parlamentares, nomeadamente Frelimo, Renamo e MDM. São no total quinze questões, das quais os parlamentares convergem na necessidade de ter mais detalhes sobre a situação actual da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
Entretanto, respondendo as perguntas colocadas pelos deputados, o ministro dos transportes e comunicações, Mateus Magala, não trouxe nada de novo se-não o que é de conhecimento público. Magala, entre outros aspectos, apontou que a nova empresa gestora vai devolver a boa imagem da empresa e melhorar mecanismos de gestão, que faz sonhar que a LAM voe para destinos europeus.
Neste momento, a trans-portadora aéreo de bandeira está nas mãos dos sul-africanos da Fly Modern Ark, cuja capacidade de gestão é duvidosa. Aliás, o deputado do MDM, José Domingos, usou palavras duras, tendo dito em sede do parlamento que a LAM pode estar nas mãos de agiotas, pelo facto de não se conhecer os mecanismos de selecção do novo gestor, bem como a sua real capacidade.
“Como representantes do povo não podemos ficar indiferentes perante um negócio obscuro, que ocorre à margem das boas práticas internacionais, assentes na transparência e que passam pelo concurso público internacional, tal como acontece em outras geografias. Ouvi-mos que foi transparente, mas não vimos em nenhum jornal nacional e internacional. Queremos alertar para o perigo de a LAM estar entregue a um grupo de agiotas de comprometer futuro da empresa, sobretudo garantir as ligações aéreas entre as províncias do país”, disse o deputado do Movimento Democrático de Moçambique.
Enquanto os partidos com representação parlamentar questionam a gestão da LAM, no terreno, ao que tudo indica, a situação encontrada é preocupante. Os gestores da Fly Mo-dern Ark estão a constatar anomalias e suspeitam que a LAM estava a ser gerida sem rigor e sem nenhum plano estruturado.
Tmcel em estado vegetativo
O ministro Magala traçou também o quadro da telefonia Tmcel, detida pelo Estado moçambicano. O governante disse aos deputados que a LAM até estava em melhores condições comparado com a realidade da telefonia. O ministro explicou que a empresa transporta uma dívida acumula de mais 400 milhões de dólares, com a tendência a agravar-se. Isto porque a Tmcel está a perder rapidamente a sua quota de mercado, a sua receita está em declínio, numa situação em que a mesma opera num ambiente altamente concorrencial, com percepção dos clientes da marca a deteriorar-se.
“A nível de tecnologia, a Tmcel usa uma plataforma actualizada, com custos operacionais e de manutenção muito altos, e os softwares não são mantidos como deve ser, estão no fim da sua vida útil e sem qualquer suporte do fornecedor”, explicou o ministro dos Transportes e Comunicações. Entretanto, o ministro disse, na casa do povo, que, tal como foi procedido com a LAM, foi encomendado uma avaliação para a intervenção. O relatório concluiu que a empresa tem grandes desafios que se não forem devidamente sanados pode estar à beira de um caminho sem retorno, ou seja, um colapso.
O relatório apresentou várias sugestões de intervenção, considerando que a mais aplicá-vel seria encontrar um parceiro, de capital social estratégico, isto é, uma operadora multinacional de telecomunicações, no entanto, a sua viabilização passa por vender um mínimo de 80 por cento das acções e o Governo assumir todas as dívidas e empréstimos da Tmcel, e também reduzir a força do trabalho em 60 por cento”, disse o ministro.
Perante esta difícil realidade, o ministro informou que o Ministério dos Transportes e Comunicações e o IGEP estão a criar um grupo consultivo de peritos internacionais para uma análise mais profunda e apresentação das recomendações sobre o relatório feito a Tmcel, incluído o relatório feito pelo banco mundial. “Enquanto decorre este trabalho, impõe-se uma intervenção imediata para minimizar as perdas e preparar a empresa para as reformas mais estruturais”, disse.
Assim foi criado um Conselho de transformação da Tmcel, composto pelos ministros dos Transportes e Comunicações, ministro da Economia e Finanças, bem como a presidente do IGEP. Este Conselho trabalha com o grupo da Tmcel, dirigido pelo Ministério dos Transporte e Comunicações, integrando gestores com elevada experiência de gestão e conhecimento profundo nas áreas das telecomunicações.
Estas equipas estão a trabalhar na sistematização de medidas concretas para a estabilização da Tmcel a serem anunciadas e implementadas a partir deste mês, disse Magala. Quando a viabilidade estratégica da empresa o governante não tem dúvidas: “A Tmcel é uma empresa estratégica, com um potencial para gerar recursos para a sua sustentabilidade e financiar a economia, ao mesmo tempo para gerar oportunidade para a melhoria de vida dos moçambicanos”.
Fonte: Jornal Zambeze